Seu Homes e Dona Arabela

Seu Holmes, o senhor está me ouvindo ai de cima, né?...desculpa tá. Tenho certeza que o senhor e a Dona Arabela estão vendo tudo, tudo, e viram que muita coisa não é mais nossa culpa. Não é, a gente ama muito tudo isso aqui também.

Quantas saudades, né seu Holmes, de quando chegávamos ao ainda artesanato e o Senhor dizia que carnaval se fazia com um pouco de cola (essas de farinha de trigo mesmo), jornal, tinta, imaginação e VONTADE. Quando aquele senhor de estatura baixa e de criatividade gigante começava, ninguém mais o segurava. Não precisavam de penas caras para a cegonha, papéis de bala de coco eram o suficiente... lembra quanta riqueza? Efeitos especiais, nada disso, o Senhor colocou um dinossauro na rua muito antes dos magos do cinema ou das grandes produções carnavalescas. E junto com o dinossauro vieram a tartaruga, os cabeções, o cavalinho, a zebrinha, a girafa etc. Até nós, já com o Seu Tito, montamos um cabeção, era horrível, mas acho que era mesmo para ser um MONSTRÃO.

Como esquecer o boizinho, primeiro medo de qualquer criança, depois sonho de qualquer uma delas, afinal, ser o boizinho era o que tínhamos de mais poderoso no desfile e nos blocos, naquele tempo era o boizinho que assustava e nos fazia muitas vezes chorar no carnaval.

Seu Holmes e seus cabeções

Para que pensar um tema, um nome, se o bumbo vem com alegria da Vila Nova, pronto, era a turma do “Pé Vermeio”, o ingrediente era a alegria. E todos sambavam, desfilavam e se divertiam juntos. Prova disso é a Catarina dos Gatos, com seu coração gigante, está tudo bem por ai, né Catarina ? E assim a família foi sendo formada, e as referências carnavalescas também. Tínhamos a ajuda do Seu Tito, que ainda por muito tempo preservou a herança dos cabeções. A genialidade do Miguel com seus desenhos mais elaborados e a delicadeza da Jane e da Dna. Arabela. É tínhamos um norte, tínhamos uma família...e quanto mais se aproximavam as festividades do Momo, mais filhos e filhas o Senhor e a Dna. Arabela adotavam pacientemente, tudo em nome da tradição, tudo em nome da alegria, afinal de contas era CARNAVAL.

Catarina dos gatos

Hoje, muita coisa mudou, o senhor deve estar sabendo né?Mas não fique triste não, ainda temos muita gente que lembra e mais gente ainda com vontade de saber, nós vamos nos organizar, tá bom? Pede para o seu João Sant’Anna também não ficar bravo que a gente se “ajunta”, Seu Quirino é prova disso, deu certo, está dando certo e vai dar certo.

Ah Seu Holmes, mais um favorzinho só, manda um recado para o Henrique Preto ficar despreocupado também, tem muita gente nova que gosta muito do bumbo e a zabumba nunca irá se calar e se bobear a gente reativa o fogão de lenha com um caldinho.

Dona Arabela, a senhora também não precisa se preocupar, apesar da bagunça teremos algumas belas e charmosas moças para nos encantar no carnaval, tá bom, elas são fogo, viu.

Bonecos e Boizinho

Bom, preciso ir, afinal ai em cima já deve estar tudo organizado, não é?Tem o samba com o Quirino e Henrique Preto, tem os cabeções e os boizinhos com o senhor, tem o destaque com a Jane, tem a Rainha e o Rei Momo com o Jango e a Xoxó, o Urco com seu pandeiro, tem marchinha com o Benê, Zé Português e o Zé da Lia, pelo jeito ai esta o Paraíso... por aqui vamos lutando e tentando porque ainda tem uma rapaziada boa e que vai levar um tempinho para subir. Ah Julinho, capricha nas fantasias.... Joãozinho Savóia, ai em cima vai ter desfile, se prepara!

Ah sim, depois meu avô transforma tudo isso em história na Quarta-feira de Cinzas, para RIR , tá Vô!! Nada de choro!

Ah Parnaíba, que beleza!..... Obrigado por me ouvirem!


Texto: Leandro Daher
Fotos: Acervo Zezinho Scarpa

 





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