Li uma pesquisa chamada “Falta de talentos” realizada pela Manpower, uma das grandes empresas globais na área de Recursos Humanos. A pesquisa aconteceu em 23 países, envolvendo 33 mil empregadores. O objetivo era determinar o impacto que a ausência de candidatos qualificados está causando no mercado de trabalho.
Os resultados revelam que 40% dos empregadores têm dificuldades para ocupar posições, por falta de talentos em seus mercados.
O presidente da Manpower, Jeffrey Joerres diz:
"A escassez de talentos está se transformando em realidade para uma grande quantidade de empresas no mundo todo, e se agravará nas próximas décadas. Mudanças demográficas e outros fatores continuam reduzindo a quantidade de pessoas que estão esperando uma vaga e têm talento para participar da força de trabalho".
As dez categorias em que os empregadores pesquisados encontraram mais dificuldade para recrutar foram: Representantes de vendas, Engenheiros, Técnicos (principalmente de produção/operações, de engenharia e manutenção), Operadores de produção, Operários qualificados e artesãos como carpinteiros, soldadores e encanadores, Pessoal de TI (programadores/analistas), Assistentes administrativos e Pessoais, Motoristas, Contadores e Gerentes e executivos.
A Manpower alerta para as consequências a médio prazo. Diz que em dez anos veremos muitos negócios fracassarem por não saberem planejar com antecipação a maneira como encarar a escassez de talentos. E afirmam que esta não é uma tendência cíclica como no passado.
“Desta vez a escassez de talentos é séria e durará por várias décadas", ressaltou o presidente da empresa.
Aí um amigo meu, excelente profissional, diz que isso é conversa, que ele tem todas as qualificações, mas está desempregado há mais de 10 meses. Quando se candidata a uma vaga invariavelmente recebe a informação de que está super qualificado. E que está velho demais...
Pois é. A situação de meu amigo apenas comprova a pesquisa: faltam talentos nas posições. Quem está fazendo o recrutamento e a seleção nas empresas é gente limitada a seguir “scripts”. Gente incapaz de reconhecer o potencial de um profissional maduro e buscando o impossível: um jovem recém-formado, que tenha “pelo menos cinco anos de experiência profissional”.
No Brasil só discutimos a quantidade do desemprego. Ta na hora de discutir a qualidade do desemprego.
Ah, a tal pesquisa é de 2006, viu? Já estamos no futuro que ela previa.
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Luciano Pires
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