Olha, esta série de Cafezinhos sobre agrotóxicos mobilizou muitos leitores e ouvintes, viu? E é impressionante como a desinformação contribui para que se construam narrativas para um clima de histeria que serve para tudo, menos para o entendimento da questão.
 
Fui apresentado para o trabalho do pesquisador Angelo Zanaga Trapé, que é Doutor em Saúde Coletiva pela Unicamp com a tese “Doenças Relacionadas aos Agrotóxicos – Um Problema de Saúde Pública”.
 
Há 40 anos, como médico do trabalho, ele estuda os efeitos relacionados ao uso dos defensivos. Ele diz:
 
“Há 40 anos tínhamos menos conhecimento da toxicidade dos produtos e como eles agiam nos seres humanos. O interesse comercial superava o setor técnico das empresas. Isso prejudicava muito porque queria se vender uma quantidade grande de produtos, muitas vezes sem necessidade, mas era aquela história: ‘preventivamente ‘evite que a praga chegue a sua lavoura’… e isso foi mudando na medida que o próprio setor percebeu que era necessário um trabalho socialmente mais responsável.
 
Você encontrava agricultores com intoxicação, óbitos por exposição indevida…Hoje temos um número muito baixo. Ninguém quer gastar dinheiro à toa, não existe ‘despejar’ agrotóxico mundo afora. É um produto caro, então hoje existe a tecnologia da precisão, onde a aplicação é muito mais reduzida, tanto que o Brasil é o 7º no mundo por hectare, o 1º é o Japão.
Faz 10 anos que o Centro de Controle de Intoxicações da Unicamp não registra nenhum caso de intoxicação aguda de origem ocupacional. Pelos dados que vêm do Sistema Nacional de Informação Toxicológica, o número de intoxicação está entre 1000, 1200 casos, sendo que 900 ou 1000 são tentativas de suicídio. Isso no Brasil inteiro.
 
O país parou de ser tupiniquim para ser um Brasil realmente em desenvolvimento. Ainda existe hoje uma cultura, muito estimulada por ONGs e pela mídia, sobre situações que muitas vezes não são embasadas cientificamente. Eu vejo profissionais, indivíduos de nível superior falando coisas bem absurdas sobre agrotóxicos. Os dados do programa de análise e resíduos de agrotóxicos em alimentos mostram uma extrema segurança química nos alimentos produzidos na agricultura brasileira. Então, isso vem dessa época. A mudança ainda é muito tênue, mas temos que perseverar em informações técnicas e científicas que vêm pela experiência acumulada na área de saúde e agricultura.”
 
O Dr. Ângelo está dizendo que agrotóxicos são inofensivos? Não. Que os problemas não existem? Não. Ele está dizendo, com bases científicas, que a maioria das intoxicações ocorrem pelo contato indevido com as substâncias.
 
Contato indevido.
 
Esse é o tema do próximo cafezinho, que será o último desta série.
 
 
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