1988.
Meu filho tinha quatro anos e estávamos na piscina da chácara. Ele ensaiando saltar em meus braços, com todo o medo da situação de risco. Eu o incentivava e ele hesitava. “Pula! Papai está aqui! Pode pular!” E então ele saltou. Voou pelo ar até cair na piscina, com o torso fora d´água graças às minhas mãos que o “salvaram”. E, passado o medo, o bichinho gostou da brincadeira. ”Di novo!” E lá ia ele correndo e saltando, cada vez com maior desenvoltura. Até que, num dos saltos, propositalmente deixei que ele caísse na água e afundasse uns centímetros. Puxei-o para fora e ele estava apavorado. Olhos arregalados, cabelo na testa, as mãozinhas na boca e agitando as perninhas… “Calma, ta tudo bem, o papai está aqui!” Depois de choramingar ele voltou para os saltos. Mas não eram mais os mesmos saltos. A cada vez que ia saltar, parava e me perguntava: “Você vai deixar eu cair?” Trinta anos atrás naquela piscina aprendi como é fácil destruir laços de confiança. Como é fácil incutir o medo na cabeça dos outros. Como é fácil alimentar o descrédito. Como fui um idiota…
Agora repare como você está sendo treinado a não acreditar mais em coisa alguma. Como os elos de confiança que você tinha quando jovem, estão sendo quebrados, um a um. E sabe como? Com anos de decepções. Com a enxurrada de escândalos. A cara de pau com que as celebridades de todas as áreas aparecem na mídia contando mentiras. O desnudamento das técnicas de marketing para nos convencer a comprar o que não queremos nem precisamos. Com os valores morais e éticos discutíveis da grande imprensa e seus interesses econômicos. Com a exposição diária do lado torto da sociedade. Com a eliminação das referências… A cada fato ou momento assim, me sinto como meu filho, traído, caindo na piscina e me tornando descrente.
O Brasil tem indicadores positivos? Não acredito. Nunca estivemos tão mal. A Globo é uma das redes de televisão mais profissionais do mundo? Não acredito. Manipula conforme seus interesses. A justiça está funcionando? Não acredito. Não acredito no Bolsonaro. Não acredito no INPE nem na Nasa. Não acredito no Willian Bonner. Não acredito no padre. Não acredito no pastor. Não acredito no polícia. Não acredito no juiz. Não acredito no professor nem no zelador. Não acredito…
Putz… me transformei num ser que desconfia de tudo. Incapaz de entregar-se a uma causa em sociedade, um objetivo em grupo, afinal, alguém vai se aproveitar de minha confiança. Você, por acaso, também se sente assim? Que triste…
Mas quer saber? Tem coisa na qual eu acredito sim. Acredito em mim. Acredito em minha família. Acredito nos valores que meus pais me passaram. Acredito que dá para contribuir para este país dar certo. E acredito que outros milhões de brasileiros acreditam nisso também. Brasileiros que não são trouxas. Que pensam e buscam o melhor. Que unidos podem mudar o futuro.
Mas eles andam tão calados…
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